segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Você deve ou não investir em ações de empresas comprovadamente dominadas por imensa corrupção?

Louis Frankenberg, CFP® 9-2-2.015
 

Desejo primeiramente cumprimentar e agradecer a todos aqueles que galhardamente se mantiveram fieis ao blog durante minha ausência de dois meses e desejar o melhor possível ano 2.015, de preferência em país que dê início as tão faladas reformas de base de que tanto precisamos e nos quais corruptos sejam colocados nos locais adequadas ao crime que cometeram  e de  que  daí adiante não conseguem mais atuar impunemente. 

Inicio o ano declarando àqueles que me pedem opinião que, pessoalmente, me recuso a novamente investir por tempo indeterminado em ações da Petrobrás.
Vejam a seguir o que penso a respeito e um pouco da minha própria experiência com a empresa. 
Aí então vai  resumidamente a minha própria história  nem estatal nem privado, mas sim de araque chamado Petrobrás, que nos últimos anos enganou descaradamente a população brasileira em geral e milhares de investidores de boa fé em particular. 
Ao todo adquiri entre Outubro 2010 e Junho 2012, ao preço médio de R$ 22,61 2.000 ações PN da Petrobrás, através da Bolsa de Valores, portanto antes e após   gigantesco "IPO" ter sido anunciado e nunca ter participando daquela oferta em si.
Como meu perfil tende a ser de "Conservador", as adquiri para ter uma pequena renda suplementar na aposentadoria que se aproxima. Eu estava orgulhoso e ao mesmo tempo feliz por ter adotado aquele gesto patriótico, ajudando a empresa.  Eu também teria as vantagens de uma garantida renda de dividendos depositados automaticamente na minha conta corrente.  Afinal a empresa possuía grau de investimento, apoiado por três das maiores empresas internacionais de “rating”!
A empresa estaria perfurando as grossas camadas do pré-sal naquela  imensidade e profundidade do Oceano Atlântico, tornando nosso país logo logo autossuficiente.
Aleluia e merecidas palmas para este patriota!
Pouco antes do final do ano 2.010 assistimos todos àquela maciça propaganda nacional e internacional despejada pela empresa em questão ao anunciar nos principais órgãos de imprensa a mega emissão de novas ações por intermédio de Oferta Pública de 120 bilhões de Reais (em inglês; Initial Public Offering) e que iriam dar finalmente ao Brasil em pouco tempo a tão ansiada independência petrolífera.
Imagino agora, exatamente no dia 8 de Fevereiro de 2.015 que aqueles que subscreveram aquela emissão inadvertidamente já estavam oferecendo enorme lucratividade (devo substituir a palavra “oferecendo por presenteando?”) às empresas publicitárias que difundiriam aos quatro ventos as fantásticas vantagens de participarem do progresso do país (e nunca me esquecendo de mencionar os nossos santos partidos políticos, amigos do rei (desculpe deveria ser “rainha”) a abocanharem verdadeiras fortunas pessoais.).      
Pouco antes, exatamente em 9 de Setembro de 2.010 publiquei neste mesmo espaço - que continua sendo possível de ser acessado neste mesmo blog - a seguinte matéria; “Eis a minha opinião a respeito de comprar ou não ações da Petrobrás”. Podem conferir, portanto ainda aprecia-lo, basta clicar em www.seufuturofinanceiro.blogspot.com.e voltar ao ano 2010.
Em 14 diferentes itens declamei na ocasião meus pontos de vista, concluindo por desaconselhar aos inadvertidos e cobiçosos subscritores de então de participar daquele “IPO” e dar preferência a adquirir as mesmas ações posteriormente no próprio mercado acionário e não no Initial Public Offering. 
É claro que eu não poderia imaginar a profundidade e tamanho das falcatruas perpetuadas desde então ou mesmo de períodos anteriores e ainda do alto nível hierárquico dos perpetuadores, imaginem, pertencentes à própria empresa e que estavam envolvidos na  manipulação e espoliação do acervo da Petrobrás e ainda das empreiteiras, todas elas sedentas em ganhar dinheiro fácil.
Para quem se lembra, ainda em Outubro 2.008 as ações PN haviam alcançado o preço recorde de
R$ 50,00! Em Março 2.010 cada ação PN havia baixado para R$37,00 – em Outubro 2.010 elas valiam ao redor de R$ 27,00 e atualmente estão sendo negociados entre R$ 8,00 e R$ 9,00 cada uma.
Nem mesmo este bem informado planejador financeiro, macaco velho e experimentado, razoável conhecedor de malandragens, enganações, crises e falências de empresas nacionais e internacionais resistiu aos apelos do Governo e, na época, entrou na farra como viram no início desta minha conversa absolutamente franca com vocês.
É claro que não entrei na oferta pública propriamente dita ao adquirir minhas 2.000 ações PN  mas sim da forma tradicional, através de Corretora de Valores, mesmo assim perdi poucos milhares de reais.
No dia 17 de Novembro de 2.013 um grande amigo e profundo conhecedor do mercado acionário telefonou e me confidenciou textualmente; Frankenberg vende tuas ações Petrobrás agora mesmo.
Nem perguntei por que!  Foi o que fiz.  No dia seguinte, 18 de Novembro vendi minhas 2.000 ações com pequeno prejuízo por R$21,09 cada.  A partir daquela época as ações da Petrobrás aos poucos só despencaram.
Mal imaginava eu, e nem este meu amigo, que estaríamos a partir de então assistindo a maior vergonha pela qual um país pode passar.   
Seriamos novamente considerados no exterior país de terceiro mundo e sujeitos a sermos acionados judicialmente por sermos hipócritas e até  considerados como meros criminosos, ao iludirmos aos acionistas nacionais e internacionais com balanços enfeitados, números ajeitados e outras malandragens normalmente feitas apenas por escroques e malfeitores...
Além de desperdiçar os bilhões arrecadados, conseguiram endividar a empresa em mais de 300 bilhões de reais.  
Pergunto eu se as coisas vão ficar por isso mesmo, a comunidade internacional fazendo troça de nossas “autoridades governamentais” ou vamos finalmente ver gente até agora influente ficar atrás das grades e devolver o que roubaram!
Àqueles que já possuem ou pretendem adquirir ações ou mesmo fundos constituídos por ações devem estar se sentindo no mínimo desorientados, não sabendo como agir.
Relembro aos que esqueceram o fato que, se criou na época um fundo especial de ações da Petrobrás envolvendo as reservas do FGTS dos trabalhadores, a maioria gente simples e comum sem o mínimo de conhecimento técnico e não sabendo em que arapuca estariam se metendo...
Aos que estão mais acostumados às regras dos jogos de azar e cassinos, certamente sabem como proceder, mas como vão ficar aqueles milhares de incautos que foram convencidos pela propaganda oficial de que Petrobras era um bom negócio?      
As opções existentes agora passam a ser; comprar mais ações ou cotas daqueles fundos ou então aguardar sentado sem tomar qualquer iniciativa e rezando ou ainda vender todo pacote e desistir de tê-las, engolindo o  prejuízo quase certo. 
Sem a menor dúvida, estamos vivendo em nosso país um período bem agitado e extremamente volátil.
Os inúmeros aspectos desconhecidos envolvidos nesta enorme embrulhada, seja quais sejam as medidas adotadas pelos que deveriam zelar por nossas poupanças, sem dúvida são difíceis de serem analisadas neste preciso momento. Cabe, portanto, a cada investidor individual, decidir o que deverá fazer. 
Quem sabe os pontos levantados por mim anteriormente (matéria de 9/10/2.010) possam ajuda-los a chegar a uma conclusão racional e menos emotiva.
Apesar de tudo, investimentos mobiliários deveriam sempre fazer parte de um patrimônio diversificado. Mas em que proporção? Acredito como planejador financeiro, honesto e desinteressado que procuro ser, que a melhor resposta para esta questão quase sempre se encontrará no perfil de risco do investidor, bem como no montante total de patrimônio que o mesmo possui e de mais alguns outros fatores de somenos importância.
De qualquer forma, a maneira de acumular patrimônio através da aquisição de ações individuais será sempre considerada como sendo segmento de razoável risco e volatilidade em que gente com pouco capital e problemas coronários não deveria se meter.
Os fundos de investimentos em ações diminuem estes riscos e a própria volatilidade, mas nunca as eliminam inteiramente, e ainda considerando-se que nem sempre custos adicionais de administração, aspectos fiscais e negociação excessiva por parte dos gestores de fundos eventualmente compensariam os eventuais lucros líquidos finais envolvidos.
Novamente, na condição de consultor financeiro pessoal, costumo dar conselhos genéricos, avisando constantemente aos meus clientes que nenhum país com títulos de renda variável de empresas negociadas em Bolsa de Valores terá meios absolutamente infalíveis que possam evitar colapsos de tradicionais grupos econômicos, quando dirigentes e acionistas majoritários têm segundas intenções ou utilizam maneiras escusas de administrar empresas, prejudiciais a acionistas minoritários que serão sempre aqueles absolutamente dependentes de boa governança, absoluta transparência e autoridades supervisoras sempre alertas e fiscalizadoras.
Petrobrás, a gigante de nossas empresas de capital aberto, está há tempos doente e, neste preciso momento, enfrentando triste colapso.
No meu entender, o gigante tornou-se anão. Petrobrás recuperar-se-á?    Terá ela salvação?
Francamente não sei.  Da maneira como pessoalmente vejo o conjunto dos fatos ocorridos e ainda longe de serem solucionados, tenho minhas dúvidas.  Não vislumbro na atualidade e sem a tomada de medidas radicais, qualquer possibilidade da  recuperação da Petrobrás, no curto prazo.
Tampouco vejo no momento presente que o Governo terá a necessária coragem para derrubar os grandes responsáveis por uma das maiores falcatruas jamais perpetuadas em nosso país.
Vamos continuar sendo vistos por governos e entidades reguladores lá fora e igualmente pelos poderosos fundos de pensão e gestores estrangeiros, como não sendo país sério, aliás como já disse no passado um Chefe de Estado europeu.    

Sem dúvida, nos próximos meses ou anos veremos inúmeros e subsequentes capítulos desta triste novela. Nem os dirigentes da TV Globo saberão como terminará esta novela!
Vencerá o bandido ou triunfará o mocinho!
Finalizo esta epopeia com o seguinte dado adicional bem distinta; 

A Petrobrás não está sozinha nesta imensa embrulhada, pois outra empresa igualmente poderosa chamada “BP”, "British Petroleum", do Reino Unido se encontra em situação parecida. Suas ações perderam valor imensurável nos últimos 10 anos e valem atualmente apenas 1/5 do valor de mercado anteriormente a sua crise e são agora objeto da cobiça e eventual absorção pela “Exxon-Mobil”, outro gigante petrolífero. 
Tudo isto está acontecendo devido ao enorme prejuízo causado pelo maior desastre ambiental havido anos passados nas aguas profundas do Golfo de México...
Se não fosse o atual escândalo de corrupção existente na Petrobrás e o valor cada vez menor do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, será que iremos alcançar nossa redenção e autossuficiência nas aguas profundas e tecnologicamente complexas do pré sal?
O futuro dirá. Estaremos torcendo para que isso aconteça!

Louis Frankenberg, CFP®      9-2-2015
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E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
Blog; www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

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