quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Aposentadoria; ficção e realidade

Aos atuais e futuros aposentados,
antes de lerem o presente "post", observem estas  imagens e reflitam a respeito do que  podem representar em suas vidas.


 


Louis Frankenberg, CFP®  03-10-2013

Acompanho há muitos anos todos os aspectos referentes ao período da pré-aposentadoria das pessoas e igualmente da aposentadoria propriamente dita e hoje me proponho a repartir com vocês algumas das minhas observações (e agruras)  a respeito deste assunto pouco ventilado, porém tão relevante em minha própria vida e a de tantas  outras pessoas, muitas das quais ainda não se deram conta da importância da mesma.

Sabemos que todos desejam ardentemente terem saúde e serem felizes enquanto viverem. De acordo? Então vamos falar um pouco de como usufruírem mais dessa aposentadoria.

Inicio ao afirmar que pertenço ao grupo de pessoas que têm consciência que temos de trabalhar para ter sucesso na vida, mas que precisamos algum dia   parar e, quando isto ocorrer, e então queremos ter os meios financeiros suficientes para o próprio sustento por inúmeros anos mais.

Aos que desejam mais detalhamento refiro vocês à trilogia saúde, felicidade e tranquilidade financeira que foi abordada com maior profundidade em meu blog anterior de 10.09.2013.

Parafraseando o grande estadista britânico, Sir Winston Churchill; a trilogia acima irá exigir muito suor e lágrimas e igualmente planejamento e persistência, eu completo.

Outro fator importante é de que eu não queria jamais ter de depender dos meus filhos quando chegasse o período da aposentadoria e tinha horror de ter de depender da benemerência governamental ou privada.

A aposentadoria e a longevidade a meu ver  são interdependentes e viver a realidade do dia a dia de ambas está longe de ser romântico.

Como não sou médico para tratar da saúde e nem  psicólogo e nem mesmo sociólogo para definir o significado de “felicidade”, vou dar alguns palpites a respeito de “tranquilidade financeira”,  que é meu próprio chão.

Contribuição mensal ao INSS x injustiça

Decorrente de todo blá, blá blá antes mencionado, sempre cuidei de guardar religiosamente todos os comprovantes que demonstravam a minha contribuição social ao INSS, desde o primeiro momento da minha vida de adulto responsável, pagando mensalmente através de um carnê ao então chamado “INPI”, Instituto de Aposentadoria dos Industriários.

Resultou desta precaução que, decorridos 33 anos de contribuições, excluindo (descontando) do cálculo apenas um período de ausência de quatro anos do país, não tive nenhuma dificuldade em provar perante a absurda e exagerada burocracia do nosso Instituto Nacional de Seguridade Social, a totalidade dos pagamentos efetuados.

De qualquer maneira, aqueles algozes da nossa entidade mor de aposentadoria, apesar dos meus insistentes apelos iniciais a favor de uma revisão dos cálculos, foram categóricos em me reafirmar que os cálculos deles estavam certos. Nada de revisão!

Apesar de que eu havia contribuído nos últimos sete anos pelo máximo legal (10 S.M.) e tendo pagado do próprio bolso como autônomo 20% do meu salário, acabei recebendo inicialmente apenas 4,1 S.M. que presentemente (Setembro 2013) equivaliam a 2,5 S.M., ou seja, R$ 1.666,00 mensais.

Uma quarta parte do montante de 10 S.M. sobre o qual recolhi contribuições durante os últimos sete anos!  Esqueci de mencionar que por algum tempo cheguei a recolher como autônomo  contribuições sobre 14 S.M. Aí alteraram a legislação que   limitaram o máximo possível para 10 S.M. Cadê o dinheiro que paguei a mais? Desapareceu!

1ª conclusão; não confie demasiadamente de que suas contribuições  recolhidas mensalmente serão iguais ou estejam na mesma proporcionalidade do que você irá receber mensalmente de volta, quando da sua  futura aposentadoria.

Cálculos complexos e inexplicáveis, incluindo o fator inflacionário (inventado posteriormente) não me proporcionariam jamais o equivalente a 10 S.M na aposentadoria. Procurem avaliar também a perda de poder aquisitivo sofrido por mim devido à corrosão inflacionária de nossa moeda nestes anos todos e de como este fator pode alterar completamente aquilo que você irá efetivamente receber quando não mais puder trabalhar.  

A enorme ilusão de que você poderá se aposentar ainda jovem

Quando eu tinha ao redor dos 30 anos de idade e estava ganhando na época muito mais que a maioria das pessoas da minha idade, imaginava que com toda probabilidade teria condições de me aposentar ao redor dos 40 ou 45 anos.

Observo que muita gente, ainda nos dias de hoje, raciocina da mesma maneira como eu naquela época.

Quando finalmente cheguei aos 45 anos e alguns imprevistos ocorridos já faziam parte do meu currículo, comprovei na prática que teria que prorrogar aquela ilusória pretensão original em pelo menos outros 15 anos.  Nos mencionados imprevistos eu havia perdido a quase totalidade das reservas acumuladas anteriormente...

Não adiantava chorar o leite derramado, o mundo não pararia por minha causa e nem mesmo me alcançaria um lenço para enxugar as lágrimas.

O Banco HSBC acaba de divulgar um refrescante relatório que pesquisaram em 15 países através do seu “Wealth Management Unit”, unidade que, entre outras funções focaliza as expectativas das pessoas que desejam se aposentar e as comparam com as experiências obtidas com cidadãos que já estão devidamente aposentados.

De acordo com o referido relatório, no Brasil foram pesquisadas 1.000 pessoas.  (www.hsbc.com/retirement) 

Não são nem um pouco surpreendentes para mim, também estudioso destes assuntos no Brasil, as respostas dos entrevistados em nosso país que resultaram na seguinte posição; A media  das 1.000 pessoas  entrevistadas gostariam de se aposentar aos 46 anos de idade. Ha, ha, ha, que ilusão!

Enquanto isto, nos 14 outros países estudados pelo HSBC, entre os quais se encontram U.S.A, Grã Bretanha, Austrália e França, a idade média declarada era   que pretendiam se aposentar aos 58 anos de idade. (contra os 46 anos dos brasileiros pesquisados)

Sendo eu um planejador financeiro consciencioso,   levo sempre seriamente em consideração outros fatores além dos sonhos das pessoas.

Um importante componente, não dos sonhos, mas da realidade da vida em nosso país é a elevada alíquota de tributos que aqui coletivamente pagamos e outro é a igualmente elevada taxa de juros incidente sobre hipotecas, empréstimos e outros endividamentos que nossa população costuma assumir.   

Raciocino que aposentar-se aos 46 anos é de fato um sonho e se encontra longe da realidade. O brasileiro médio provavelmente levará mais tempo para se aposentar com tranquilidade que qualquer dos 14 países acima citados que pensavam em pendurar as chuteiras aos 58 anos de idade.

2ª conclusão; Não quero deixar nenhuma dúvida para a absoluta maioria dos meus patrícios de que não irão se aposentar tão cedo!

É muito mais provável de que terão de complementar quaisquer planos de pensão que tiverem feito no passado com algum trabalho remunerado ou ate mesmo com “bicos”!

Qual ou quais as modalidades de renda que Frankenberg recomenda?

Infelizmente não poderei me estender neste limitado espaço a respeito de cada modalidade que eu recomendaria, mas fugazmente darei alguns palpites mais generalizados. Eis algumas recomendações genéricas:

1-     Não despreze o INSS. Por mais injusto ou caótico que possa parecer a nossa entidade estatal, no passado já atendi diversas viúvas e menores de idade que unicamente podiam contar com esta fonte de renda para se manterem, já que o falecido não havia tomado adequadas medidas de proteção em relação ao patrimônio, renda familiar, seguros de vida e plano de previdência complementar.

Muita gente esquece que o INSS também pode ser considerado um seguro de vida e, portanto também por essa razão não deve ser desprezada.

É bom relembrar que a pensão a ser recebida do INNS para quem tem 65 anos ou mais, por enquanto é isenta de I.R.

2-     Os fundos de pensão privados complementares abertos em nosso país não são perfeitos, pois alguns deles, a meu ver, cobram taxas de carregamento e de administração por demais altas. Recomendo a todos que sempre tentem negociar estes elevados custos cobrados, levando igualmente em consideração que o rendimento anual obtido pelos fundos deve sempre ser maior que a soma dos seguintes fatores; inflação do país mais custos globais totais cobrados pelas entidades previdenciárias que administram o dito fundo de previdência complementar.

Para saber se você deve investir em um PGBL ou um VGBL, o melhor mesmo é consultar previamente um planejador financeiro independente e de sua confiança, pois existem inúmeros outros fatores que devem ser analisados antecipadamente e cada pessoa (família) tem características específicas que devem necessariamente ser consideradas.

O profissional que for escolhido também deve lhe aconselhar quanto a melhor forma de recolher o futuro imposto de renda, ou seja, pela tabela progressiva ou alternativamente pela tabela recessiva, escolha essa que não é tão simples assim de ser feita.  Esta antecipada decisão da forma de pagamento de I.R. torna-se por demais relevante quando da época em que se inicia o período de recebimento da remuneração do fundo, isto é  muitíssimos anos depois.

3-     Você vai poupar e investir durante muitos anos (10, 20 ou quem sabe até 30 anos), portanto não saberá de antemão qual será o melhor investimento onde colocar a sua grana poupada; Poupança, Fundo Imobiliário, Letra do Tesouro, Fundo ou Carteira de Ações etc.

Tudo se passa como se fosse uma espécie de loteria, ninguém pode lhe garantir qual será o melhor ou mais indicado investimento em período tão longo! Acontece também que você provavelmente não terá condições de simultaneamente investir em todas as modalidades de investimento.  Terá de escolher um só especificamente e, quem sabe, quando já acumulou bastante  no investimento inicial, passa a investir em outro.

Importante é sempre relembrar que quaisquer dos investimentos escolhidos, terá períodos melhores e piores de rentabilidade no longo prazo, de acordo com distintos fatores que ocorrerão, tais como inflação, custos financeiros envolvidos, fatores econômicos etc.

Importante também é manter o foco e não pular constantemente de um para outro investimento e sempre considerar que você planeja ter renda para a aposentadoria (longo prazo) e, portanto não deve interromper seu plano, custe o que custar.

Tenho observado que alguns investidores demasiadamente indecisos interrompem seus planos de previdência pouco tempo após terem iniciado os mesmos, pagando então ao resgatá-los pesadas alíquotas de imposto de renda.

Novamente, um planejador financeiro competente e independente, mesmo que lhe custa uma consulta, pode dar-lhe subsídios relevantes e indicar qual será a melhor maneira para você especificamente criar uma ou mais fontes de renda para o futuro.

É claro que existem inúmeras outras possibilidades de criar renda futura, não mencionadas aqui, como por exemplo, o aluguel de imóveis, começar  algum negócio ou prestação de serviços etc.  mas é bom sempre relembrar  que quanto mais automático for o recebimento de fonte(s) de rendimento futuro  diretamente na sua conta bancária melhor.

Lembre-se sempre que com o avançar da idade você não terá mais as mesmas habilidades físicas e intelectuais de quando era mais jovem!

3ª conclusão; toda pessoa preocupada com seu próprio futuro não deve apenas perguntar em que investir para ter renda suficiente, mas também se os diversificou suficientemente em diferentes segmentos e cuidou dos mesmos qual   tenras plantinhas que constantemente precisam ser aguadas.    

Enormes mudanças estão ocorrendo em relação a longevidade e a aposentadoria

Quando comecei a estudar em profundidade todos os aspectos que envolviam a questão da longevidade e da aposentadoria e quanto de dinheiro as pessoas gostariam de receber mensalmente quando aposentadas através de seus planos oficiais e/ou complementares de pensão ou ainda de outras fontes de rendimento de capital anteriormente acumuladas, notei o gravíssimo erro de estimativa em que geralmente quase todos elas incorriam.

Naquela época (década dos anos 80) os fundos de pensão da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá ainda não prestavam a devida importância ao inimaginável fenômeno do rápido incremento da longevidade das pessoas que viviam então nas partes mais adiantadas do mundo, decorrente das radicais mudanças que estavam ocorrendo naqueles  mesmos países.

Aqui em nosso país igualmente, esse assunto nem de longe estava na ordem do dia dos estudiosos do assunto. 

Os fundos de pensão complementares abertos e fechados ainda estavam por serem regulamentados e as pessoas mais idosas que continuam vivas, certamente ainda se lembram dos “Montepios” que um por um estavam quebrando, justamente por não terem levado na  devida consideração a enorme inflação e perda do poder aquisitivo da  nossa própria moeda. 

Naquele tempo nenhum Governo tinha qualquer noção da maneira como a longevidade iria alterar substancialmente todos os cálculos atuariais.  

Nenhum Governo tampouco levou em conta as hordas de gente desempregada que não iriam mais estar recolhendo as contribuições compulsórios para a previdência social e, nenhum Governo levou em conta que a natalidade iria decrescer de três ou mais filhos para 1,5 ou menos filhos por casal!  

Provavelmente o enorme entusiasmo demonstrado mundialmente pelos casais pela TV tenha tido a sua parcela de culpa...

Nenhuma das tabelas atuariais de mortalidade que calculavam e embutiam todos estes fatores estava adaptada para estes acontecimentos.

No Brasil, tempos depois, o mesmo fenômeno ocorrido no primeiro mundo iria se repetir, como estamos constatando atualmente.

Aqui, entretanto, orgulhosamente temos Ph.D.  em empurrar  essas questões  vitais  e  de somenos importância para debaixo do tapete, como vem acontecendo!

Mas cá estou eu, simples planejador financeiro, que brada aos quatro ventos que quem não quiser passar futuramente mal deve se preparar antecipadamente.

Lamentavelmente estou consciente que é apenas uma minoria  que não deseja ser pego de surpresa e que vai prestar maior atenção aos meus brados de alerta. Será que você fará parte dessa minoria?

Conscientemente assumo que sou um estraga prazeres, mas caro leitor, quem avisa amigo é!

A notícia ainda mais alarmante e que quase todos os governos tentam esconder de você é de que não vão poder continuar pagando o mesmo valor das pensões prometidas e tampouco manter futuramente a mesma  idade precoce para alguém poder se candidatar a pendurar as chuteiras.

E para ninguém poder afirmar de que não falei antes do assunto, para vocês a seguinte informação; há pelo menos 10 anos um dos meus slides que tenho mostrado em auditórios representa o transatlântico chamado INSS afundando como o famoso “Titanic”. (ver acima).

É claro que não desejo que isto aconteça, mas estamos nos encaminhando a passos largos para radicais mudanças que devam ser introduzidas em nossa legislação previdenciária para fugir dos gigantescos déficits que já estão ocorrendo hoje em dia.

É pura ilusão pensarmos que a maioria dos jovens da geração “Y” poderá se jogar em alguma cadeira preguiçosa à beira do mar, na sombra de um coqueiro, aos 55, 60 ou até 65 anos!  

4ª Conclusão; Você  não é suficientemente importante para qualquer Governo se preocupar com   futuramente consigo e por essa razão é melhor cuidar de si, antes que seja tarde.

“O Brasil explodiu?” (Has Brazil blown up?) Esta é o título da capa da edição da revista “The Economist” de 28.09.2013

Será mera coincidência que, trabalhando arduamente neste meu blog, que a revista The Economist publicou uma matéria especial de 14 páginas a respeito dos aspectos positivos e negativos de nosso país?

Na introdução da página 11, em certo trecho o editor escreve e eu traduzo livremente;

“o cidadão médio  brasileiro tem a possibilidade de obter até 70% do seu ganho quando se aposenta aos 54 anos de idade.”

Esta revista estrangeira apenas repete o que todos sabemos, mas que nem todos tem a coragem de dizer em voz alta.

Não é realista alguém ter a possibilidade de se aposentar aos 54 anos quando já se sabe que uma pessoa saudável poderia estar trabalhando até os 70 anos de idade nos dias de hoje.  

Também de acordo com o relatório referente ao Brasil do Banco HSBC referido anteriormente, 29% das pessoas entre 55 e 64 anos de idade estão atualmente parcial ou inteiramente aposentados em nosso país e 50% dos entrevistados atualmente entre 25 e 34 anos de idade responderam de que gostariam (pensam) em se aposentar entre 55 e 64 anos de idade.

Uma resposta generalizada dos 1.000 entrevistados que já estavam aposentados e cuja resposta eu endosso plenamente se refere à seguinte pergunta que foi formulada pelo banco;

Qual o melhor conselho que vocês receberam em algum momento de suas vidas?”

A resposta foi; “comecem a poupar o quanto antes em suas vidas“.

5ª Conclusão;

Espero que apreciem os slides que acima ofereço a vocês para que  os vejam e reflitam a respeito e para que nunca lhes falte nada na vida ativa ou na aposentadoria!

Abraço,
Louis Frankenberg, CFP® 02-10-2013.
Blog;    www.seufuturofinanceiro.blogspot.com
E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com

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