sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nada se compara à simplicidade,reflexão e bom senso em nossas vidas


 
 

Louis Frankenberg, CFP® 01-11-2012.

 

Abaixo alguns comentários e conselhos práticos que pessoalmente procuro seguir. 

 

I-Não acredite e nem adquira livros de finanças apenas por seus títulos.  

 

Confesso humildemente que, apesar de ter lido (nem sempre verdadeiramente lidos...) milhares de livros, teorias, comentários e opiniões nestes meus quase 40 anos de vivência prática de mercados financeiros, permaneço fiel a alguns princípios básicos que não exigem nem estudos profundos  e muito menos cansativas horas de pesquisas e comparações ou então disponibilidade de muito tempo.

Nessa fabulosa era da Internet e da falta de tempo para tantas outras coisas, onde todos se expressam livremente e podem adquirir democraticamente informações de milhões de fontes, o difícil mesmo é separar o joio do trigo, ou seja, saber o que é válido e o que é descartável para a gente.   

Acredito demais nos três conceitos expressados no título desta matéria, pois penso que existem inúmeros gurus e profissionais, alguns altamente qualificados, que obtiveram justificadamente sucesso como inspiradores de mim e de tantos outros planejadores financeiros  e do público em geral.

A minha intenção aqui é citar aqueles outros (imitadores, desonestos e aqueles que nada têm a dizer de autêntico ou importante), na qual eu mesmo, quem sabe, me enquadro na opinião de uma quantidade desconhecida de leitores.    

Pobre do leitor e investidor que acredita em um título de livro do tipo “Como se tornar milionário com ações em menos de um ano” ou então “em 24 lições”.

Autor de qualquer livro com pequenas variações em torno do título acima, quem sabe também ficou por demais influenciado pelo Departamento de Marketing da sua Editora. Pior, escreveu o livro apenas pensando nas eventuais compensações financeiras que pudesse obter.  

Talvez ele acredita   que com   título extravagante parecidos aos citados anteriormente irá vender dezenas de milhares de cópias. Puro engano. Para início de conversa já começou iludindo seu potencial  leitor.

Pessoalmente nunca tive qualquer disposição para me tornar um vendedor de ilusões e, sistematicamente recusava títulos bombásticos ou fora da realidade que minha editora sugeria para algum dos quatro livros que escrevi.

Agora, amigo leitor, pense bem na estatística que vou citar abaixo para concluir que outros fatores, absolutamente diferentes concorrem para que você ou qualquer outra pessoa tenham o privilégio de pertencer à classe daqueles que são considerados muito ricos.

Posso categoricamente proclamar que se título de livro espelhasse a realidade da vida ou de como é possível tornar-se rico em pouco tempo, muito, mas muito mais gente além dos meros 1% da humanidade seriam milionários hoje em dia...

 

 

 

 

II-  Bolsa de Valores, ações, mercados e fundos de ações.

 

Em respeito a vocês, caros leitores, menciono abaixo alguns dos valores, maneiras de pensar e formas de agir em relação aos mercados acionários nos quais pessoalmente acredito e geralmente costumo agir.

Espero que possam ser úteis para suas próprias vidas.  Jamais usem conceitos  de outrem, caso não  acreditarem nos conceitos emitidos ou  não estiverem de acordo  com sua utilidade e justeza.

 

J Adquiro ações de empresas cujos produtos ou serviços são vendidos no supermercado e geralmente bastante populares. Também ações de empresas de serviços essenciais como tele comunicações, eletricidade e de avançada tecnologia, quando sinto que podem dar certos devido a  inovações que não sejam meramente “de moda”.

 

J Concluí genericamente que empresa que distribui regularmente dividendos dentro do razoável, é empresa que se preocupa com seu acionista e não o esquece na hora de dar boas notícias.  

(Eu não estava de nenhuma maneira convencido e entusiasmado com o I.P.O. do “Facebook” e achava que  aquele lançamento era demasiadamente comercial e prematuro).

Da mesma maneira penso que diversos lançamentos havidos no Brasil nos últimos anos foram apenas   “caça ao trouxa do investidor” que estava avido para adquirir ações mas não tinha noção do que estava fazendo. Muitos jovens que ainda não experimentaram as grandes quedas nos índices são os primeiros patinhos a caírem nas armadilhas preparadas por grupos comerciais e financeiros... Vacinem-se contra os mesmos!

 

J  As ações de empresas que eventualmente cogito adquirir devem ter tradição, serem os mais transparentes possíveis em seus balanços e relatórios (apesar de que eu normalmente não os leio por completo por geralmente fornecerem   muito mais dados legais que mais interessam às autoridades da CVM e são exigidos de lei, do que aos acionistas).

 

J Por princípio não entro em I.P.O. (Initial Public Offering), pois quero ver as ações se comportarem no dia a dia, com todas as oscilações e acontecimentos  econômicos ocorrendo e decorridos algum tempo (meses ou   até anos após o lançamento!) 

A oferta e demanda deve ser testado em mercados em alta e em declínio e isso só acontece após pelo menos um ano de existência da empresa.

Vejam o que aconteceu com Facebook e  inclusive em tantas de nossas empresas construtoras e imobiliárias. Também não  tenho fé em lançamento das ações de  determinado banco em nosso país.

Desconfio quando determinado grupo faz muita  propaganda  do lançamento de suas ações em jornais ou pela T.V... ( é gente, não sou dos mais fáceis de ser convencido!)

 

J Não quero saber de ações de empresas que vendem produtos da moda, pagam salários ou bônus demasiadamente elevados aos seus dirigentes ou estão muito envolvidos com  política e políticos.  

 

 

J Não tenho muita  vontade ou ansiedade em possuir participação em empresas  que tenham grandes lotes de ações que estão em poder de fundos de pensão de  nossas empresas estatais ou autarquias e cujos dirigentes exercem forte influência sobre os negócios dos mesmos. Para ser totalmente sincero,  não quero nem pensar no momento em que alguma grande negociata alcança a luz do dia e cause muitos estragos aos verdadeiros prejudicados que serão  aposentados e pensionistas.

 

J Sigo geralmente as diretrizes de Warren Buffet e adquiro ações para ficar com elas por um bom tempo, pelo menos esta é a minha    intenção básica.

São três as razões principais para sentar confortavelmente  em cima delas, a 1ª por que para cada mudança que faço pago duas vezes corretagem, uma na venda e outra na nova compra, achatando meu rendimento líquido potencial. Também porque antecipadamente estudei a empresa por algum tempo.

A 2ª razão é que periodicamente anoto seu preço e acompanho melhor as naturais oscilações e dessa maneira me chama a atenção para importantes momentos em que, eventualmente posso obter algum ótimo ganho na venda ou aquele mesmo instante se torna  excelente  para a aquisição de um novo lote e dessa maneira puxo meu preço médio de aquisição para baixo.

Não procuro nunca o preço máximo e nem o mínimo, pois ninguém tem bola de cristal para adivinhar o dia de amanhã.

 

J Como me considero apenas um investidor amador, pois   o mercado acionário  não é meu  ganho pão de cada dia, levo devidamente em consideração o aspecto fiscal e quando necessito ou desejo vender algum lote de ações, faço o planejamento para que mensalmente não ultrapasso o montante total de  R$20.000   em valor global de venda  e, dessa maneira, não pago 15% de imposto de renda devido sobre ganhos no mercado acionário (legislação de I.R. da Receita Federal para pessoas físicas).

Façam os cálculos; nos dias de hoje 15% de renda (não pagamento do imposto devido) equivale a talvez dois anos de renda. Para mim isto continua sendo um negócio vantajoso.

 

J Cauteloso como sou, um dos meus princípios básicos é não fazer “alavancagem”, ou seja, não tomo dinheiro emprestado para ampliar a quantidade adquirida de algum lote de ações e desta maneira ampliando o potencial de lucro. A razão desta cautela é que o tiro pode sair pela culatra, quando as ações adquiridas subitamente baixam na Bolsa e meu prejuízo poderá se tornar bem grande ou até exponencial.

Prefiro somente trabalhar com meu próprio dinheiro e ter completo controle sobre a situação e... podendo  dormir sossegadamente à noite, sem sobressaltos ou pesadelos!

 

J Quando poucos de vocês sabiam o que eram fundos de investimento em ações, eu já estava profissionalmente metido até o pescoço com os mesmos e,   até os dias de hoje, os considero ideais para iniciantes e pessoas que não tem tempo para se preocupar com seus  próprios recursos e reservas financeiras ou não sabendo procurar informações técnicas  adequadas e idôneas.

Desde que a instituição gestora dos recursos for idônea e profissionalmente bem qualificada e administrada, podem investir tranquilamente na mesma.

Fundos de ações normalmente oferecem plena liquidez e razoável rendimento automaticamente reinvestido em quotas.

A diversificação de uma carteira de fundo de ações bem administrada diminui muito sua volatilidade e, portanto o risco da perda completa do capital, já que dificilmente todas as empresas contidas irão  quebrar simultaneamente.

 

J Apesar de considerar fundos de ações instrumentos convenientes para se depositar uma parte das reservas financeiras, alguns aspectos devem ser observados pelos investidores. Um deles é a verificação de quantas vezes o administrador negocia a compra ou a venda anual da totalidade das ações da carteira (giro da carteira). Estas negociações podem, eventualmente dar (às vezes indevidamente) um bom lucro extra aos gestores e podem estar disfarçados entre outras despesas pouco  transparentes...   

É possível que parte dos ganhos dessa Administradora e da Corretora de Valores associada, advém de demasiada quantidade de movimentações e dessa maneira enriquecem indevidamente os gestores as nossos custas...

A meu ver, nos dias de hoje, em que o índice inflacionário está razoavelmente contido, não cabe mais se pagar  taxas absurdas de administração acima de 1% ao ano.

 

Por hoje é só!

Tenham um bom feriado e fim de semana.

Louis Frankenberg,CFP®  01-11-2012



 

 

 

 

 

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