quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Crônica : Somos todos suscetíveis de sermos enganados

Provavelmente existem mais de um milhão de maneiras de sermos enganados. Sou um felizardo, pois não conheço todas, apesar de já ter sido protagonista de um golpe faz poucos anos, no qual perdi aproximadamente duzentos reais. O instinto feminino da minha mulher me salvou, senão teria perdido ainda mais. Também já perdi dinheiro, tendo confiado em familiar, mas neste caso entraram considerações bem mais complexas e subjetivas para considerar-se somente o prejuízo.

Por estar ativo no mercado financeiro há bastante tempo, relembro diversos golpes ocorridos nos tempos anteriores a invenção da Internet. Sem dúvida, na era da eletrônica as possibilidades triplicaram. A imaginação dos malandros também.

Sabemos como é simples iludir um internauta com mensagens do tipo “fique rico em 24 horas ou pouco tempo”. O golpe, e não deixa de ser um golpe, tem várias alternativas, todas malévolas. Você clica no conteúdo e penetram na sua vida particular, roubando sua identidade e senhas, conta bancária ou transformando-o em um zumbi, cativo de sem vergonhas, quem sabe até rindo de você lá do outro lado do mundo, em chinês ou russo ou em português mesmo, pertinho de você.

Quando os golpes são milionários, geralmente aparecem em letras garrafais no jornal e são comentados por todo mundo. Geralmente se ouve o seguinte comentário após ter sido visto na TV, jornal ou rádio; “como aquela gente não viu que era golpe?” O maior dos golpes de todos os tempos modernos e ainda bastante recente foi o do Madoff. Ele enganou aos ricos que, geralmente (mas nem sempre) sabem se cuidar melhor e aos próprios profissionais das finanças, que acreditavam que ele era um gênio e posteriormente ficaram envergonhados com a própria ignorância e estupidez. Você, eu e tantos outros devem perguntar a si mesmos como é possível alguém cair em golpe que está na cara que é golpe. A resposta é; claro que é possível, senão não inventariam mil e uma maneiras de nos atrair em suas teias de aranha. Eu aprendi depois de muitos anos de militância e um curso de pós graduação que, às vezes nossas defesas psíquicas ficam muito baixas e até parece que queremos ser enganados e, por esta razão somos atraídos mais facilmente para uma cilada que nos é armada.

Uma outra alternativa para nos enganar, bem mais sutil mas não menos eficiente, tenta induzir a gente a adquirir determinado livro que ensina como ganhar mais dinheiro na Bolsa em poucos dias através de algum método infalível... Como autor de livros que ensinam a respeito de como cuidar do dinheiro e a se educar financeiramente, sei que nenhum livro tem este poder ou genialidade. Quando os marqueteiros, integrando o corpo de profissionais das editoras tentavam me impingir algum título bombástico para minha criação, com a única intenção de seduzir o leitor a adquirir a obra apenas pelo nome, eu não compactuava com os mesmos e insistia no título escolhido por mim que tentava representar a essência do conteúdo. Acredito que o último e no meu próprio julgar o melhor de todos os meus livros, até hoje vendeu pouco por esta mesma razão. Quem quiser se aventurar, (e queira acreditar que sou um malandro honesto) pode adquiri-lo que no final desta crônica menciono nome e editora.*

Gente, milagres não existem, podem acreditar neste planejador financeiro que já viu quase tudo e assistiu inúmeras vezes a clientes dele que davam preferência à malandros de voz macia e extremamente convincentes e posteriormente admitiram que negócios sérios feitos com grupos financeiros tradicionais e confiáveis, teriam sido bem melhores para seus bolsos. O difícil mesmo ou quase o impossível é fazer alguém confessar que entrou numa fria. Ninguém quer ser considerado como sendo um trouxa!

Qual a razão de sermos enganados com tanta facilidade? Existem muitas respostas para esta indagação, mas as palavras ganância, desejo, ansiedade, ignorância, oportunidade etc. respondem por algumas delas. Vou parar por aqui, senão esta crônica vai virar tratado de psicologia comportamental e financeiro.

Quando se é jovem, sem experiência da vida, as probabilidades de sermos vítimas de golpes, arapucas, negócios miraculosos que jamais se realizam por serem demasiadamente irrealistas são bem maiores. Posteriormente, (geralmente quando já tivermos entrado em alguma(s) fria(s) ou já somos adultos experimentados, nos tornamos mais espertos e mais pés no chão. Aliás nem todos, pois conheço gente que, aparentemente atraem malandros, ladrões, espertos, cafajestes e outras espécies de gênios do mal.

Mas tornando este papo um pouco mais profissional, adianto que sempre aconselho aos meus clientes de levar muito a sério suas poupanças e investimentos, pois para a maioria de nós mortais e pessoas que não nasceram em berço esplêndido e a duras penas conseguiram amealhar alguma reserva, aconselho que cuidem dela como se fossem tenras plantinhas ou bebês recém nascidos, ou seja com muito amor e carinho.

Somente a entreguem a alguma entidade financeira de confiança, mesmo que este dê um pouco menos de rendimento. Desconfiem sempre daquela instituição que oferece muito mais rendimento ou outras aparentes vantagens e benefícios enquanto suas congêneres oferecem bem menos!

Nunca adquiram produtos de investimentos ou formas de poupança que aliam rendimento com sorteios. É uma ou outra, obter rendimento ou experimentar a sorte na loteria esportiva ou no cassino!

Boa leitura, boa semana e muita reflexão para afastar os maus espíritos e malandros do seu caminho!

Louis Frankenberg,CFP® 28-10-2010

Blog; www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

Email; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com.br

*Livro; Sucesso e Independência; Família, Carreira e Finanças para toda a vida- Editora Elsevier, 2007

Um comentário:

manoel carlos disse...

Texto perfeito. Concordo plenamente. Por isso acredito que se quer ganhar dinheiro, tem que ralar, estudar, trabalhar muito, perder noites de sono etc.,planejar os gastos, controlar orçamento domestico, para levantar um capital. Dinheiro fácil sempre,SEMPRE mesmo, terá uma intenção maléfica e um beneficio para quem anuncia o serviço "facil".