quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ambição, especulação ou apenas emoção e desconhecimento?

(Algumas das aprendizagens de um investidor em ações )

Acompanho o mercado acionário nacional e internacional há vários decênios, tendo igualmente lido uma imensidão indescritível de livros, teorias e matérias a respeito de como ganhar dinheiro com esta modalidade de investimento.

Ao contrário de outros profissionais, escritores e articulistas, apenas ganhei renome, mas jamais dinheiro que valesse a pena, através dos quatro livros publicados e menos ainda que pudesse ser considerada espetacular por intermédio do mercado de ações...

Aliás, sempre fiz questão que os títulos dos meus livros nunca tivessem nomes bombásticos que pudessem induzir o leitor a crer que pudesse ficar rico pelo simples fato de lê-los.

Para enriquecer são necessários inúmeros outros predicados que, oportunamente irei abordar neste meu blog. Aguarde!

É conhecida a história de que um consultor escreve livros de como outros mortais devem atuar, porque não consegue ganhar dinheiro suficiente para si com seus próprios conselhos!

Os nomes dos inúmeros gurus que fizeram fortuna com ações tornaram-se mundialmente conhecidos, alguns dos quais deixaram por escrito para a posteridade a maneira como a fizeram.

Aspectos mais profundos de suas personalidades e maneiras de pensar e agir perante seus semelhantes e seus negócios permaneciam muitas vezes obscurecidos. Geralmente também preferiam esquecer de mencionar seus muitíssimos fracassos...

Leitores que não ganharam dinheiro com ações ou, quem sabe, perderam parte ou a totalidade de seu patrimônio, tentando seguir os métodos dos ditos escritores, provavelmente uma absoluta maioria, são totalmente esquecidos pela história e, quem sabe, continuam lamentando até hoje a sua falta de sorte. Nos seres humanos somos assim, somente os vitoriosos são lembrados e sempre queremo-nos espelhar neles!

Eu, por sinal, não era nada diferente dos jovens esfomeadinhos de hoje que ficam zanzando pelos home brokers e corretoras mais tradicionais, na época em que iniciei a minha aprendizagem como vendedor do maior grupo internacional de fundos de investimento.

O título desta matéria espelha algumas (não todas) as sensações pelas quais a gente transita na juventude e que mais tarde a gente vai aprimorando e ao poucos reformulando.

Vamos então ao que interessa. É impossível como ser humano, irracionais que somos, de prever como determinada ação ou empreendimento que emite ações ao público irá se comportar, tantas são as variantes e fatores desconhecidos que compõe o leque de possibilidades que possam ocorrer durante sua existência.

Aliás, recomendo a leitura do livro de Nassim Nicholas Taleb, chamado “A Lógica do Cisne Negro,o impacto do altamente improvável”. Este livro aborda em profundidade,(inicialmente de maneira um tanto enfadonha), tudo aquilo que sempre desejei explicar à minha clientela, ou seja de que nada é absolutamente infalível ou absoluto. O livro de Nassim, precisa de 450 páginas para dizer o que eu explico em algumas poucas sentenças. Todo investidor, especialmente o adepto de ações, deveria considerar com muita mais seriedade a questão do “risco”, que pouquíssimas pessoas levam a sério quando a vontade de possuí-las é maior que a racionalidade e lógica.

Veja, caro leitor, o que está acontecendo neste mesmo momento à ação da “BP”,British Petroleum, uma das maiores empresas petrolíferos do mundo....

Alguém poderia prever o desastre causado pelo poço de petróleo que continua jorrando petróleo há mais de dois meses sem parar no Golfo do México?

Não me levam a mal, pessoalmente não estarei adquirindo nenhuma das novas ações de lançamento da nova emissão da nossa querida (e poderosa) Petrobrás, pois desconheço as repercussões que o futuro preço possa ter devido a este trágico desastre com a petrolífera BP. Prefiro ficar no meu cantinho observando o mercado...

Para confirmar meus prognósticos um tanto pessimistas, esta semana, o próprio Governo está sugerindo a possibilidade de permitir que você utilize seu FGTS para adquirir ações da Petrobras (novinhas em folha, recém saídas do forno e especialmente emitidas para lhe fazer um favor! Lembra a história da velhinha de Taubaté que acreditava em tudo?

Tremo de medo, imaginando por simples analogia, o que possa ocorrer, idêntico ao caso BP, de que os imensos e muito profundos poços do futuro pré sal, na nossa Costa Atlântica, onde o Governo apregoa que se encontra a nossa futura redenção, possa ser afetado...

Preciso relembrar-lhe de que não existe refeição gratuita ou então de que se fosse tão bom assim, porque então promover a venda de ações da Petrobrás para um segmento da população com pouco ou nenhum conhecimento do mercado acionário?

Meu conselho; aguarde algum tempo e adquira as ações posteriormente, quando as ações já estiverem sendo negociadas nacional e mundialmente e os poços já estiverem sendo explorados comercialmente. Não vai faltar oportunidade de comprá-las num futuro próximo ou mais distante!

Também aprendi (e Warren Buffet também é da mesma opinião), que comprando e vendendo ações sem parar e a velocidades super sônicas, acabo enriquecendo unicamente aos intermediários mas não a mim mesmo.

No passado, ganhei algum dinheiro aguardando pacientemente uma alta fora do normal, para então me desfazer de parte ou de todo um pacote de ações e fui muito bem sucedido. A pressa continua sendo inimiga da perfeição.

Tento não esquecer a lição que um guru cujo nome esqueci, explicou em algum dos inúmeros livros que li; comprar sempre na baixa e vender sempre na alta, era o lema dele. Infelizmente, jamais meu despertador tocou quando a maior baixa ou alta estivesse ocorrendo e dessa maneira tive eu mesmo de escolher o momento mais apropriado Algumas vezes acertava, outras não.

Diversos dos meus clientes executivos adquiriram pacotes de ações das empresas multinacionais nas quais trabalhavam. Quando eles deixavam a empresa geralmente queriam permanecer com as mesmas. Muitas vezes eu os desaconselhava ou então dizia para eles: vende a metade, alegando que, enquanto ocupavam posições de mando em suas empresas, sabiam o que acontecia lá no alto (o tal de inside information!) mas quando caíssem fora da empresa, perderiam esta privilegiada condição...

Quando você faz parte de um grupo e tem uma excelente posição e salário, a sua empresa é a melhor do mundo, mas quando vai embora (ou é saído por incompatibilidade...) não sabe se não vai precisar usar parte das economias para sobreviver até o próximo emprego aparecer.

Nas Segundas Feiras, acompanho na Folha de S.Paulo, as chamadas “dicas do mercado”. São quatro Corretoras de Valores que recomendam cada uma quatro ou cinco ações que acreditam tenham potencial de valorização, junto com as cotações do momento e um tal de preço alvo que eles imaginam que determinada ação possa alcançar (nunca dizem quando). A dica vem acompanhada de uma bolinha coloridinha na qual também indicam se o risco a ser incorrido será alto, médio ou baixo. Quando penso no caso da BP, pergunto como é que eles sabem se o risco é alto, médio ou baixo.

Como ainda me considero mero aprendiz de feiticeiro, talvez hoje em dia um pouco mais ressabiado do que na juventude, indago a mim mesmo se as indicações das quatro diferentes Corretoras (certamente cada uma tem em seus quadros excelentes profissionais analistas) não deveriam todas indicar as mesmas oportunidades e com prognósticos de ganhos semelhantes? Em qual das Corretoras devo acreditar se todos tem palpites diferentes?

Como existe enorme disparidade nos palpites e ainda uma contínua alteração de indicações das empresas propostas, de semana para semana, acabo confuso e desorientado, deixando para a semana seguinte a decisão de me valer da ajuda dos analistas das ditas Corretoras. Confuso,até hoje não segui a orientação de nenhuma delas.

Hoje dando risada da minha ingenuidade angelical de principiante, relembro quando comprei há muitos anos umas poucas ações da PAA, Pan American Airways que então era a mais importante empresa de aviação do mundo. Dois anos depois faliram e eu fiquei chupando os dedos e lamentando a minha falta de sorte. Recuperei menos de 10% do valor que tinha pago pelas ações! Na época da compra pensei que iria ficar rico investindo no futuro da aviação civil, imaginando os milhões de turistas que iriam cruzar os céus do mundo. Que tremendo erro de julgamento cometi, pois quando leio os resultados das atuais empresas aéreas com ações nas bolsas (inclusive as nossas duas maiores cujos nomes vocês conhecem), concluo que praticamente todas continuam perdendo dinheiro. Provavelmente o investimento em ativos fixos e constantemente superados tecnologicamente, é a principal causa da dificuldade em ganhar dinheiro com a aviação civil.

Termino reafirmando como planejador financeiro, que posso resumir em uma única palavra o melhor dos meus palpites para hoje. Para todos que desejam ter uma probabilidade de possuir mais grana em alguma época futura e, consequentemente menos preocupações, façam uso da “D I V E R S I F I C A Ç Ã O “ em todos seus investimentos de longo prazo.

Louis Frankenberg,CFP® 01/06/2010

e-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com

Blog; www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

E não esqueçam, divulguem meu blog para seus amigos, colegas e familiares.

Não ganho nada mas me divirto um bocado escrevendo para vocês!

Nenhum comentário: